Terapia Familiar Sistêmica

“O que conta não são as teorias que se tem na mente, mas o Amor que se tem no coração.”

O que é Terapia Familiar e para quem servem as Terapias Familiares

Resumo: A linguagem entre um casal e a sua família precisa possuir um código, caso contrário podem dialogar com o espelho, razão pela qual a comunicação familiar fica cada dia mais difícil e distante. A terapia tem a missão de trazer a comunicação e o diálogo próximo ao casal e à família…

Conteúdo:

Na terapia familiar até os meados do séc. XX muitos profissionais atendiam individualmente crianças e adultos.

Tanto os profissionais como a família percebiam que faltava alguma coisa, era o fechamento do caso com o grupo

Por isso, muitos processos iniciados eram sentidos como não terminados , visto que a família como um todo permanecia doente, enquanto o membro era tratado e recuperado, e muitas vezes desligado da família. A família não entendia o porquê da mudança radical deste membro.

O grupo permanecia o mesmo, e muitas vezes a mesma patologia aparecia em outro membro da família, o que fez com a aparição de sintomas semelhantes forçar a família buscar ajuda como um grupo, e não mais como membros individualmente tratáveis.

Hoje é muito comum e necessário, quando se ouve falar em terapia familiar onde os membros mesmo sendo tratados separadamente, estão na verdade, montando um modelo sistêmico para tratar todo o grupo em uma ocasião pertinente.

Muitas vezes é necessário que se faça o início do processo terapêutico separadamente com os membros da família, a fim de que estes possam trazer ao nível consciente os fantasmas que incomodam o grupo, com seu discurso próprio, bem como os desejos inconscientes para as necessidades reais.

Permite também ao profissional interpretar os discursos individuais e promover a união destes discursos, para um geral do grupo, a fim de poderem dar o pontapé em rumo ao processo em grupo.

Permite encontrar o respeito em relação à opinião de cada membro, apesar de não se concordar com tudo o que cada um fala, mas pelo menos ter o respeito ao interlocutor e esperar sua vez para emitir sua opinião sobre o fato.

A missão do profissional é trazer o discurso do grupo para um sistema vivo e integrado para os membros possam sentir realmente que participam do sistema familiar e sua opinião conta sim para decisões importantes a serem tomadas, mesmo que esta sozinha não retrate a realidade familiar.

É também buscar o desaparecimento da causa do adoecimento do grupo juntamente com este, a fim de se promoverem para um nível mais harmonioso e gentil, assim como saudável e útil para cada membro e para todo o grupo, permitindo a interação com a sociedade de maneira mais polida e prazerosa., encontrando o equilíbrio interno e com o meio ambiente de acordo com os princípios morais e éticos nos padrões necessários para a vida em sociedade.

Muitas vezes se privilegiam os sonhos e fantasias, ao invés das ocorrências concretas no grupo familiar, uma vez que estes sonhos e fantasias são o caminho para trabalhar o aparelho psíquico familiar.

Também permitem encontrar a individualização psíquica de cada membro e sua contribuição no papel familiar, em decorrência do processo analítico.

Portanto, cada membro do grupo descobre seu papel dentro do sistema familiar, trabalhando os sonhos e fantasias, pois são repletos de significados e sentimentos, reunindo o discurso familiar.

Embora não se possa deixar de considerar a interdisciplinaridade da terapia familiar e a diversidade de modelos de atuação nesta área acredita-se que a compreensão sobre o que se entende por família e sistema é fundamental para a discussão sobre a atuação do terapeuta na terapia familiar.

A terapia sistêmica da família organizou-se em torno de alguns conceitos básicos, definidores de sistemas:

Globalidade – um todo coeso e como se comporta um sistema, o que implicas que a mudança de uma parte altera todas as outras partes e o sistema como um todo.
Não-somatividade – um sistema não pode ser considerado como a soma de suas partes.
Homeostase – processo de auto-regulação que mantém a estabilidade do sistema.
Morfogênese – capacidade do sistema em absorver inputs do meio e mudar sua organização (sistemas abertos)
Circularidade – a relação entre quaisquer dos elementos do sistema é bilateral, o que pressupõe uma interação que se manifesta como seqüência circular
Retroalimentação – garante o funcionamento circular pelo mecanismo de circulação da informação entre os componentes do sistema por principio de feedback (negativo funciona para manutenção da homeostase e o positivo que responde pela mudança sistêmica)
Equifinalidade – Independentemente de qual for o ponto de partida, um sistema aberto apresenta uma organização que garante os resultados de seu funcionamento.

A terapia familiar sistêmica estruturada em torno desses conceitos entende a família como um sistema aberto que se auto-governa através de regras que definem o padrão de comunicação mantendo uma interdependência entre os membros e com o meio no que diz respeito à troca de informações e usa de recursos de retroalimentação para manter o grau de equilíbrio em torno das transações entre os membros.

Sendo assim, considera-se relevante priorizar o trabalho direto e efetivo com as necessidades da família e do meio ambiente, sendo que esta família é definida pelos seus padrões de interação, em detrimento de rebuscar somente as dificuldades de ordem intra-psíquica individuais.

Realiza-se acompanhamento familiar, respeitando a privacidade da família, procurando ampliar o conhecimento da interação familiar e, quando possível da vizinhança e comunidade, em torno da família. A estratégia do terapeuta é de esclarecimento e conscientização do grupo familiar e às vezes comunidade próxima, auxiliando-os a traçar e desenvolver ações reflexivas e práticas que contribuam para uma melhor qualidade de vida para o cliente, e responder dentro do possível as suas necessidades afetivas, biológicas, educacionais e sociais. Este trabalho pode ser desenvolvido em parceria com uma equipe multiprofissional.